sexta-feira, 22 de abril de 2011

O escolhido

Escorria-lhe o suor da fronte,
Lábios pelo sol gretados,
Olhos postos no horizonte,
Os dedos dos pés cortados
 
Levava ao colo um menino,
Inocente e pequenino
Nas areias do deserto.
Para onde ia, ao certo,
 
Era incógnita do destino.
Às garras do mal fugia,
Se esquivava à tirania
D'alguém déspota e bardino.
 
Seguia-o, como um cortejo
Bélico, uma multidão
Àquele cuja traição
Iria beber dum beijo.
 
O homem que o levava,
Levava-o, longe da guerra,
O menino que julgava
Um dia salvar a Terra.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Candeeiro da esquina

Candeeiro da esquina
Que alumias o caminho,
Alumia-me este escuro
Onde me encontro sozinho.

Candeeiro da esquina
Que alumias a calçada,
Alumia-me este escuro
Pois assim não vejo nada.

Candeeiro da esquina
Que alumias velha quelha,
Alumia-me este escuro
C'oa luz da tua centelha.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cortesia de rua

Bom dia, dona Maria,
Como tem, moça, pastado?
Como há pasto em demasia,
Muito bem, muito obrigado!

Boa tarde, dão Duarte,
Como tem, senhor, pastado?
Como há pasto em toda a parte,
Muito bem, muito obrigado!

Boa noite, dona Maria,
Como tem, moça, pastado?
Incauta, quase comia
Pasto ruim: seco e estragado!