sábado, 12 de março de 2011

Sonhando com o mesmo amor

Porque ainda mais se cansam
Os teus cansados olhos de chorar?
Porque o meu coração tanto ama
A quem já não posso amar.
Como te assola tão vil demónio,
Essa dor que fere e punge a alma?
S'amarrou meu amor
Com laços de matrimónio.
Só a morte me trará calma.
Porque não segues adiante,
Procuras um amor diferente
E deixas a dor no passado?
Porque o sofrimento é constante
De quem está sempre presente
Mesmo quando ausentado.
Porque ao teu frio leito
Não o aquece um outro alguém?
Porque lugar no meu peito
Não sobra para mais ninguém.

Tomei o café e saí
Pois a hora girava a mó.
Desde então, não mais a vi.

Levava-lhe a idade o verdor
Para acabar só,
Sonhando com o mesmo amor.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Razão do meu desejo

Num dia quente de sol e fragrância amena
S'encantou meu coração num mero olhar.
Corada de arrebol e distinta pele morena,
Fina flor de açucena do meu sonhar.

No meu peito, amigo, se inflamou,
Do seu sorriso d'alma airosa e ladina,
Dos seus jeitos e trejeitos de menina,
O amor perdido que, então, se encontrou.

E ora, olhando o céu, rente à noitinha,
Espreitam estrelas cuja paz almejo,
M'apoquenta a guerra, inquietação minha,

Como o mar quando se agita ao vento frio.
Sou folha seca atirada ao desvario.
Sabes... Ela é o mundo e a razão do meu desejo.