Olhei para o céu,
Vi o sol a brilhar
Quase tão brilhante
Como o teu olhar.
Olhei duma duna
O sereno mar
Imenso e azul
Como o teu olhar.
Olhei para as árvores
Ao vento a bailar.
Tinham tanta graça
Como o teu olhar.
Olhei os verdes campos,
A erva a grassar
E as flores eram lindas
Como o teu olhar.
Olhei o meigo gado
O pasto a pastar
Tão manso e tão calmo
Como o teu olhar.
Olhei na seara
O trigo a ondular,
Era um manto d'oiro
Como o teu olhar.
Olhei os maduros
Frutos do pomar.
Eram tantas cores
Como o teu olhar.
Olhei os passarinhos
Em coro a piar.
Bela era a harmonia
Como o teu olhar.
Olhei grandes peixes
Na água a nadar.
Traziam frescura
Como o teu olhar.
Olhei a brancura
Da neve, ao luar,
Tão alva, tão pura
Como o teu olhar.
Olhei a cidade
Com gente a passar.
S'enchia de vida
Como o teu olhar.
Olhei os monumentos
A história a contar.
São mestres dos tempos
Como o teu olhar.
Olhei as usinas
Sempre a fabricar,
Teimosas meninas
Como o teu olhar.
Olhei preciosas
Pedras de encantar.
Tinham tanto encanto
Como o teu olhar.
Olhei uma criança
Na rua a brincar
Cheia de esperança
Como o teu olhar.
terça-feira, 19 de julho de 2011
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Febre
Tenho na cabeça gravilha
Numa zoeira de ensurdecer.
Como um mafarrico que estrilha
E então me faz endoidecer.
Longas lanças o cerebelo
M'alanceiam com furor.
Na testa, um pano com gelo
Me abafa este grão calor.
Vem vertigem, vem tontura,
Também vem loucos delírios
E enquanto não vem a cura
Não mais vão os meus martírios.
Numa zoeira de ensurdecer.
Como um mafarrico que estrilha
E então me faz endoidecer.
Longas lanças o cerebelo
M'alanceiam com furor.
Na testa, um pano com gelo
Me abafa este grão calor.
Vem vertigem, vem tontura,
Também vem loucos delírios
E enquanto não vem a cura
Não mais vão os meus martírios.
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