quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fui vilão

Chutei uma pedra
Tão dura, tão dura.
Que incúria, que incúria,
Dolente amargura!

Saiu disparada
Da ponta do pé,
Batendo com força
Na mona do Zé.

O homem gritou,
Correu estouvado,
Caiu estendido
No chão desmaiado.

Quão grande inchação
Fez-lhe a pedra dura
Tão negra, tão negra,
Tão escura, tão escura!

E eu claudicava,
Volvia a gemer.
Era intensa a dor
No pé a doer.

Alguém que passava
Mesmo ali ao lado,
Viu-me a saltitar
E o homem deitado.

Chamou a ambulância,
O padre e a guarda
Chegaram bombeiros,
Mas que linda farda.

Vieram polícias,
Doutores, jornalistas,
Também chimpanzés,
E até trapezistas.

Vi tantas pessoas,
Gordas e carecas
Vi altas, vi baixas,
Magras e marrecas.

Grande era a assistência
Ao palco montado:
Eu a agoniar
E o homem deitado.

Saiu a notícia
Na televisão.
O homem foi mártir
E eu fui vilão.

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