quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Poema amargo

Sucedem-se os dias sem cessar.
Indago, perplexo quando isto irá parar.
O relógio revolve e marca o tempo
Fartando-me do mundo e do nostálgico sentimento
De que chego ao fim sem começar.
Do passado cuido e o que vejo?
Coisas feitas ainda por fazer,
Calcorreados caminhos ainda por percorrer
E a dor ardente do desejo
Que mata a sede de viver.
Ribomba-me o estridente sonido
Da feroz ânsia que me consome
Como a excelsa gula de um menino
Que não come, passa fome.
Ah! Lembrar-me das noites num sofrimento sentido,
Da fria dureza da solidão
(Enquanto deambulo vagante
No meio da multidão),
Da raiva mordaz e dilacerante
Que, com milhentas agulhas afiadas
Me alanceia o coração.
Pudesse eu arrebatar este tormento
Em miríades de exalações exacerbadas
E inspirar contentamento
Quando dar sumiço à má sorte
É dar calma à vida com a morte.

Sérgio O. Marques

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