Beleza que é e não se vê,
Se sente sem se saber porquê,
Porque, por onde anda, se esconde
Está, sem sequer estar onde
A pudesse olhar e contemplar.
Astro que por trás do sol brilha
Ténue num firmamento azul de mar,
Criança que se desenvencilha
E tampouco se faz notar
Vivia e era, longe do meu zelo.
Tímido desabrochar matinal
Duma minúscula flor amarela
Que acorda incerta num rosal
Mas que já de si é bela,
Hoje dormia, e reparei nela.
Rio que segue caminho soturno
Por meio de bosques verdejantes
Maravilhosas luzes cintilantes
A reluzir lá bem ao fundo
Iluminou-me de paixão em êxtase.
Pequena e melancólica melodia
Escrita sobre num poema antigo
Singelo madrigal em sinfonia
Apareceu-me, em sonho, por magia
E se deixou ficar comigo.
Sérgio O. Marques
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
É
Efémero beijo, saudade intensa
Perene desejo, nostalgia imensa
Anelo silente, pranto estridente
Tristeza presente dum amor ausente
Sorriso na face, melancolia escondida
Medo da morte, apego à vida
Vitória lembrada, derrota esquecida
Engano encontrado, promessa perdida
Achegada paixão, ódio distante
Chegar ao destino, não seguir errante
Prostrar de joelhos, ir mais além
Erguer-se mais alto aos pés de alguém
Parar a vingança, avançar com perdão
Fechar o castigo, abrir a redenção
Sérgio O. Marques
Perene desejo, nostalgia imensa
Anelo silente, pranto estridente
Tristeza presente dum amor ausente
Sorriso na face, melancolia escondida
Medo da morte, apego à vida
Vitória lembrada, derrota esquecida
Engano encontrado, promessa perdida
Achegada paixão, ódio distante
Chegar ao destino, não seguir errante
Prostrar de joelhos, ir mais além
Erguer-se mais alto aos pés de alguém
Parar a vingança, avançar com perdão
Fechar o castigo, abrir a redenção
Sérgio O. Marques
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Um pote
Aquela mulher parece um pote
Com pernas, curvas num redondo
Perfeito de mãos dadas com um bule.
E anda! Ah! Ah! Caminha! Eh! Eh!
Não rebola como seria de esperar.
Queria ter assim uma panela.
vou pedir à minha mãe, uma como aquela,
Com pernas e forma de bola que vai
A andar. Nem rola nem cai.
Sempre que a vejo passar, bato palmas,
A ela e ao vaso bojudo ao seu lado
Que parece uma pipa sem torneira,
Numa grande e sincera ovação de agrado.
Rio-me! Ah! Ah! Gragalho! Eh! Eh!
Enquanto o pote passa, enche-me de graça
E queria tê-lo para mim.
Sérgio O. Marques
Com pernas, curvas num redondo
Perfeito de mãos dadas com um bule.
E anda! Ah! Ah! Caminha! Eh! Eh!
Não rebola como seria de esperar.
Queria ter assim uma panela.
vou pedir à minha mãe, uma como aquela,
Com pernas e forma de bola que vai
A andar. Nem rola nem cai.
Sempre que a vejo passar, bato palmas,
A ela e ao vaso bojudo ao seu lado
Que parece uma pipa sem torneira,
Numa grande e sincera ovação de agrado.
Rio-me! Ah! Ah! Gragalho! Eh! Eh!
Enquanto o pote passa, enche-me de graça
E queria tê-lo para mim.
Sérgio O. Marques
domingo, 11 de janeiro de 2009
Pardais na antena
Tantos pardais na antena!
Dizia assim a pequena,
Com um sorriso na cara.
Na antena, os pardais
Faziam grande chiada:
Pios, assobios e mais,
Numa enorme chinfrinada.
Mas que zoeira engraçada!
Observava a Mariana
Com graça no semblante.
Dizia à Luciana:
Decerto, mais tarde, então...
Assertando, sibilante:
O nosso amigo João
Terá pardais a voar,
A assobiar e a piar
Dentro da televisão.
Sérgio O. Marques
Dizia assim a pequena,
Com um sorriso na cara.
Na antena, os pardais
Faziam grande chiada:
Pios, assobios e mais,
Numa enorme chinfrinada.
Mas que zoeira engraçada!
Observava a Mariana
Com graça no semblante.
Dizia à Luciana:
Decerto, mais tarde, então...
Assertando, sibilante:
O nosso amigo João
Terá pardais a voar,
A assobiar e a piar
Dentro da televisão.
Sérgio O. Marques
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Saudade minha
Queria acariciá-lo num breve afago
Como festa a um pequeno cão
A rebolar-se, contente, no chão,
Beber deste dom num trago.
Mas o vento que me amorna a face
Entrega-me à solitária nostalgia
Das altas janelas à tarde,
Ao bater ligeiro o fim do dia.
Espero, sentado, que a noite caia
E vejo-o de soslaio cansado
Aposto à muralha do cais da vida
Desde plena manhã apeado
Num aceno em lenço de cambraia.
Ele, de cabeça ao céu erguida
Espera o barco que lhe ponha o sol
Lá bem ao fundo do horizonte
A cobrir de branco, um lençol.
A brisa baila o pinheiro manso
Ouvindo águas da velha fonte
Onde ela se deitou, eterno descanso
Com um suave sorriso na boca fechada.
Seria uma mãe em viagem?
Ou pessoa muito amada
Que, para trás, ficou imagem?
Penso eu que ele pense
Se sente saudade de outrora,
Se já se vestira de rei,
Se chora infortúnios de agora.
O que pode ser, é tão extenso
Mais parece que no mar se aninha,
A aguardar uma lição.
Agora sei que já não sei
Se a sua saudade não serã mais senão
Do que apenas saudade minha.
Sérgio O. Marques
Como festa a um pequeno cão
A rebolar-se, contente, no chão,
Beber deste dom num trago.
Mas o vento que me amorna a face
Entrega-me à solitária nostalgia
Das altas janelas à tarde,
Ao bater ligeiro o fim do dia.
Espero, sentado, que a noite caia
E vejo-o de soslaio cansado
Aposto à muralha do cais da vida
Desde plena manhã apeado
Num aceno em lenço de cambraia.
Ele, de cabeça ao céu erguida
Espera o barco que lhe ponha o sol
Lá bem ao fundo do horizonte
A cobrir de branco, um lençol.
A brisa baila o pinheiro manso
Ouvindo águas da velha fonte
Onde ela se deitou, eterno descanso
Com um suave sorriso na boca fechada.
Seria uma mãe em viagem?
Ou pessoa muito amada
Que, para trás, ficou imagem?
Penso eu que ele pense
Se sente saudade de outrora,
Se já se vestira de rei,
Se chora infortúnios de agora.
O que pode ser, é tão extenso
Mais parece que no mar se aninha,
A aguardar uma lição.
Agora sei que já não sei
Se a sua saudade não serã mais senão
Do que apenas saudade minha.
Sérgio O. Marques
domingo, 4 de janeiro de 2009
Ter tempo
Só com tempo há movimento,
Há vida e uma dança eufórica
Há ciência e pensamento
E o que passa faz história.
A mente definha, então
E o tempo aperta a lança.
Já não há mais tempo, não.
Anda! Que a idade avança.
Não há tempo p'ra dormir,
Nem sonhar, não é ideia
Sequer tempo p'ra fugir.
Anda! Que o tempo escasseia.
Tempo p'ra comer, não há!
Urge construir a Terra,
Fazer o que vai por cá
Pois o tempo, a vida cerra.
O tempo, de si, não espera
Não olha a quê ou a quem
E quem pára, desespera.
Não aguarda por ninguém!
Falta o tempo p'ra viver
A vida em tanta paixão.
Só tem tempo quem tiver
Muita paz no coração.
Sérgio O. Marques
Há vida e uma dança eufórica
Há ciência e pensamento
E o que passa faz história.
A mente definha, então
E o tempo aperta a lança.
Já não há mais tempo, não.
Anda! Que a idade avança.
Não há tempo p'ra dormir,
Nem sonhar, não é ideia
Sequer tempo p'ra fugir.
Anda! Que o tempo escasseia.
Tempo p'ra comer, não há!
Urge construir a Terra,
Fazer o que vai por cá
Pois o tempo, a vida cerra.
O tempo, de si, não espera
Não olha a quê ou a quem
E quem pára, desespera.
Não aguarda por ninguém!
Falta o tempo p'ra viver
A vida em tanta paixão.
Só tem tempo quem tiver
Muita paz no coração.
Sérgio O. Marques
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Diamante
Água vibrante
Cristal extasiante
Ligeiro delírio dum sono produndo
Acordar ao mundo
Em chuva azul no céu ardente
Cascata do segredo esquecido
Montra dum tesouro perdido
Nas barbas da velha gente
Semenete que brota
Do sobreiro pachorra
Do carvalho, a bolota
Bela piorra
No chão, fonte nascente
Aurora boreal
Arco-íris astral
A cobrir o firmamento
Com a paz esperada
No escuro, ao relento
A saber quase a nada
Em casa, porta fora
Liberdade na rua
Órbita dum distante planeta
Cauda de cometa
Numa dança humilde e nua
Esfera da vida e cor
E diamante, o amor
Sérgio O. Marques
Cristal extasiante
Ligeiro delírio dum sono produndo
Acordar ao mundo
Em chuva azul no céu ardente
Cascata do segredo esquecido
Montra dum tesouro perdido
Nas barbas da velha gente
Semenete que brota
Do sobreiro pachorra
Do carvalho, a bolota
Bela piorra
No chão, fonte nascente
Aurora boreal
Arco-íris astral
A cobrir o firmamento
Com a paz esperada
No escuro, ao relento
A saber quase a nada
Em casa, porta fora
Liberdade na rua
Órbita dum distante planeta
Cauda de cometa
Numa dança humilde e nua
Esfera da vida e cor
E diamante, o amor
Sérgio O. Marques
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