Queria acariciá-lo num breve afago
Como festa a um pequeno cão
A rebolar-se, contente, no chão,
Beber deste dom num trago.
Mas o vento que me amorna a face
Entrega-me à solitária nostalgia
Das altas janelas à tarde,
Ao bater ligeiro o fim do dia.
Espero, sentado, que a noite caia
E vejo-o de soslaio cansado
Aposto à muralha do cais da vida
Desde plena manhã apeado
Num aceno em lenço de cambraia.
Ele, de cabeça ao céu erguida
Espera o barco que lhe ponha o sol
Lá bem ao fundo do horizonte
A cobrir de branco, um lençol.
A brisa baila o pinheiro manso
Ouvindo águas da velha fonte
Onde ela se deitou, eterno descanso
Com um suave sorriso na boca fechada.
Seria uma mãe em viagem?
Ou pessoa muito amada
Que, para trás, ficou imagem?
Penso eu que ele pense
Se sente saudade de outrora,
Se já se vestira de rei,
Se chora infortúnios de agora.
O que pode ser, é tão extenso
Mais parece que no mar se aninha,
A aguardar uma lição.
Agora sei que já não sei
Se a sua saudade não serã mais senão
Do que apenas saudade minha.
Sérgio O. Marques
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário