sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Viva a democracia

Jazem corpos mutilados, decepados, chacinados
Nas vítreas areias do deserto, ermo de vida.
Outrora homens, outrora bichos, outrora mar de gente
Saltavam, corriam, brincavam, sonhavam veemente.
Pululavam de esperança numa paz crida.
Agora...pedaços de carne pútrida, corpos inanimados
Cobrem ruínas esquecidas em padrões erráticos.
Dizimados por tecnocratas, lacaios de timocratas,
Por seres ensandecidos apelidados de democratas
Prostram-se por terra, desfigurados, apáticos.
Funestos seres que augam pelo poder como cães raivosos
E são senhores de megalómanos dispositivos bélicos
Matam, esfolam, trucidam sem piedade, os impiedosos.
Democráticas armas que não escolhem cor, etnia ou religião
Rebentam, estouram, são portadoras da destruição
Deixando os que vivem em prantos mélicos.
No podre remanescente chafurdam esses necrófagos porcos,
Alimentando-se da carne decomposta e do sangue já frio.
Ensaboam-se nas notas da sua própria ganância
Deleitando-se, infandos, como éguas com cio.
Cantam e dançam num frenesim com pomposa arrogância
E com roncos esganiçados mugem com hipocrisia
Viva a democracia! Viva a democracia!

Sérgio O. Marques

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