terça-feira, 18 de março de 2008

Barraca armada

Certo lindo dia de sol...
-Bom dia senhor boi! - disse afamado burro
Rasgando um sorriso jovial.
-Bom dia senhor burro! - Returquiu o boi.
Seguia ufano, num trajar banal.
Enrubesceu o burro, pôs-se todo de arrebol:
-Venha cá que eu lhe esmurro
Essa fofa carinha de boi!
Se pensa que me insulta
E me chama de burro,
Afinfo-lhe como gente adulta
Para ver como lhe dói.
-Venha daí, senhor burro
Para lhe dizer como é
E lhe contar como foi.
Desatou ou burro à chapada,
Bofetada e estalada.
Respondeu o boi à cornada
Armando-se logo um banzé.
No meio de algazarras e gritos
Acordaram os cães preguiçosos
E os porcos que são medrosos
Corriam por aí aflitos.
Palrava a galinha emproada:
-Mas que corja mal-educada!
Mugia paparrotices a vaca
Desenfreada, estava maluca.
A burra permanecia calada
Mais valia não fazer nada
Para não estragar a peruca
E seu penteado de laca.
Logo foi barraca armada
No reino da bicharada.

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