A mona lisa tem um bico
De alfinete no penico.
Mostra a saia de cambraia
De veludo um cão felpudo
Cabeçudo e bem peludo.
Não tem o que se lhe vaia.
Camisa de seda lisa
Com lindo boneco de loisa
Se levanta, bate a brisa
Por baixo anda e deslisa
Recordando qualquer coisa.
Sai belo enfeite de pau
P'ra se poder enfeitar.
Já apetecia manjar
Sardinha e carapau
Ou no prato, bacalhau
Ir até enfastiar.
O bico do alfinete
Faz-me lembrar um cacete
A bater no capacete.
Vê a trincha que relincha
Quando pinta, a bola pincha
Verga a mola, mata, esfola
Ainda lhe põe uma argola.
Se não sai ainda s'atola
E depois só berra e guincha.
Na estrada de lambreta
A tocar uma corneta
Me atira de esguelha
Um segredo p'ra orelha:
Quem te diz que és "poêta"
Ou é tolo ou é maneta.
Sérgio O. Marques
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