Tanta gente que acorda
E outra tanta que adormece
Nas muitas horas de cada dia.
Tanta gente que se encontra
E se volta a encontrar
Em cômpitos sem conta revezados
Para chorarem sozinhos
Para se puderem rir juntos.
Não há física para tudo isto.
E aquela outra que se apeia
À porta de muitas casas
Que são de cada qual
E falam de tanta coisa inútil
Numa velha aldeia
Onde toda ela é família.
E não há química para isto
Nem sequer biologia
Ou até mesmo filosofia.
E aqueles que caminham
Sem rei nem roque
Para chegarem onde são felizes
Acabando onde tantos outros acabam:
A dormir no leito todas as noites.
Não sabem a razão de ser
E pensam nisso enquanto olham
Com afinco as muitas janelas fechadas.
Porque não há lógica num mundo lógico.
E todos aqueles que dão as mãos
E se passeiam por citadinos jardins
E se alienam de tatos outros
Que passam e nem se interessam
Ou censuram sem querer saber.
São aqueles que se beijam
Apenas por sentir como outros tantos
Aquilo que todos acham belo.
Porque não há ciência num mundo sem sentimento.
Tanta gente que se senta
Nas bermas das muitas estradas
Por onde vê passar outra tanta
Que vai trilhando as sendas do dia-a-dia
E visitando terras mundo fora.
Sentam-se e sorriem sem razão
A quem acenam sem os conhecer,
Sem lhe saborear o significado inteligente.
Porque não há razão num mundo com sentido.
E aqueles muitos solitários
Que vêem todos os outros
Como pensam que eles são.
Conhecem a vida daquilo que são
E não querem mais do que têm.
São aqueles que carecem de um abraço
E de uma palavra amiga
Nem que seja de um apenas.
Porque não há cor na vida sem isto tudo.
Tudo isto é vida:
Não tem que ser descritível.
Não tem que ser inteligível.
Não tem que ser significante.
Não tem que ser explicável.
Não tem que ser lógica.
Não tem que ser racional.
A vida é o que é
E para o ser, é suficiente.
Sérgio O. Marques
quinta-feira, 13 de março de 2008
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