Calcorreei o dicionário,
Todo o léxico gramatical
Para encontrar as melhores palavras
Que descrevessem Portugal.
Entrcontro-as e lhes clamo:
- Rimem, palavras... rimem
Rimem como nunca rimaram
Façam-me ente feliz!
Digam lá... descrevam lá este país.
Elas fugiram,
Fugiram como nunca vi...
Horrorizadas!
Fiquei sem palavras.
quarta-feira, 25 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Poema amargo II
Preso aos crueis ditames do destino
Faminto de má sorte. Apenas a esperança
Alenta a tenebrosa escuridão sem tino
Quer fere, que subjuga, submete, cansa.
Sabê-lo, amargo sabor, paladar azedo,
Cheiro acre repulso que no ar avulsa
Desce-me aos confins do vil degredo
Prelúdio deste descontentamento que pulsa.
A ira torna-se o semblante da História,
O ódio, a sua alfaia que dilacera os justos,
Hedionda hegemonia dos monstros da Memória.
Surge o Homem a vestir pele de serpente
Àlardear, galã, as virtudes da cega justiça
E o mundo, calado e triste, consente.
Faminto de má sorte. Apenas a esperança
Alenta a tenebrosa escuridão sem tino
Quer fere, que subjuga, submete, cansa.
Sabê-lo, amargo sabor, paladar azedo,
Cheiro acre repulso que no ar avulsa
Desce-me aos confins do vil degredo
Prelúdio deste descontentamento que pulsa.
A ira torna-se o semblante da História,
O ódio, a sua alfaia que dilacera os justos,
Hedionda hegemonia dos monstros da Memória.
Surge o Homem a vestir pele de serpente
Àlardear, galã, as virtudes da cega justiça
E o mundo, calado e triste, consente.
sábado, 14 de março de 2009
Maresia
Fecho os olhos e a brisa do mar
Traz-me um beijo perdido,
Há muito esquecido, descaído,
Da branca areia macia.
Surge e vem esta maresia.
Um vulto ao vento parece menear
Um doce bailado numa carícia à face.
Sorrio! A vida é aquele breve momento,
O calor que o corpo amima
Que lhe oferece o mel, a geleia real,
O ténue desabrochar de um enlace
Entre o sonho e o entendimento.
Sigo mais alto, mais acima,
Voo por entre as núvens, sopro um trigal
Ondeante, seara infinda, doirada
Coberta com véu de ouro, um tesouro
Numa ilha distante, desabitada.
Respiro fundo o ar salgado,
O fresco orvalho do rebentar das vagas
Túmido no ser quente de frescura.
Inspiro! Deixa-me inspirado
A aura que me segreda com candura
Um madrigal em quentes fráguas
E me traz alento e me acalenta.
Sai-me de dentro esta felicidade estranha
Esta quietude calma inquietante,
Este frenesi quieto que apascenta.
Será o sal da marulha que se entranha
E salga o sangue e tempera a linfa?
Será a triste voz de uma alegre ninfa
Encantada dum mundo muito distante?
Sei que sinto estar no cimo duma montanha
Num dia de trovões e tempestade
A beber o ardor do sol tropical,
Fragor suave exótico de insanidade
Num abraço de alguém muito especial.
Só não quero que isto acabe.
Traz-me um beijo perdido,
Há muito esquecido, descaído,
Da branca areia macia.
Surge e vem esta maresia.
Um vulto ao vento parece menear
Um doce bailado numa carícia à face.
Sorrio! A vida é aquele breve momento,
O calor que o corpo amima
Que lhe oferece o mel, a geleia real,
O ténue desabrochar de um enlace
Entre o sonho e o entendimento.
Sigo mais alto, mais acima,
Voo por entre as núvens, sopro um trigal
Ondeante, seara infinda, doirada
Coberta com véu de ouro, um tesouro
Numa ilha distante, desabitada.
Respiro fundo o ar salgado,
O fresco orvalho do rebentar das vagas
Túmido no ser quente de frescura.
Inspiro! Deixa-me inspirado
A aura que me segreda com candura
Um madrigal em quentes fráguas
E me traz alento e me acalenta.
Sai-me de dentro esta felicidade estranha
Esta quietude calma inquietante,
Este frenesi quieto que apascenta.
Será o sal da marulha que se entranha
E salga o sangue e tempera a linfa?
Será a triste voz de uma alegre ninfa
Encantada dum mundo muito distante?
Sei que sinto estar no cimo duma montanha
Num dia de trovões e tempestade
A beber o ardor do sol tropical,
Fragor suave exótico de insanidade
Num abraço de alguém muito especial.
Só não quero que isto acabe.
terça-feira, 10 de março de 2009
Quadro
Aquela árvore tem verde copa
Com laranjas àlaranjar.
Por trás dela, há uma janela
Tão humilde e tão singela
Com vista para o pomar.
Logo ao lado, há uma pereira
Tão perto da laranjeira
'Inda sem pêras p'ra tirar.
A macieira tem maçãs
Já bem maduras p'ra manjar.
Os diospiros e os figos
Que são fruta de deliciar
Já dão cor a esta paisagem
Que se pode contemplar.
A janela daquela casa
Com vista para o pomar
Tem portadas coloridas
Às riscas muito garridas
Abertas de par em par.
No beiral, espera um pássaro
Pequenino a piar.
E os ninhos, já velhinhos
Servem só para enfeitar.
Da rua vêm-se escadas
Para a porta principal
E o trilho que lá leva
Toda a gente que lá chega
Passa pelo fontanal.
A relva mui bem regada
Cobre de fresco o jardim
Nesta casa perfumada
Com fragrância refrescada
A rosmaninho e alecrim.
Vê-se uma horta asseada
E muito bem cultivada
Bem ao fundo do quintal.
Também se vislumbra a vereda
Por onde tão linda e leda
Segue fermosa, uma pequena,
Que vai para o canavial.
O portão que fecha a quinta
É de ferro forjado
Bem tratado e trabalhado
Com figuras a embelezar
E o gradeamento que a cerca
São lanças muito afiadas,
Refinadas e alinhadas
Dando ares de encantar.
A rua que passa em frente
É ladrilhada em granito.
Desemboca numa praça
Repleta com tanta gente,
Ora triste, ora contente,
Num frenesi aflito.
À tarde bate o sol
De fronte à porta principal.
De manhã, quando resplandece,
Ilumina e aquece
Aquele pequeno pombal
Que por trás do pomar aparece.
Mesmo antes da vereda
Ergue-se nostálgica meda
Com palha p'ra criação.
Voam patos e galinhas,
Borboletas e joaninhas,
Correm gansos pelo chão.
Há também o grado gado
A pastar longe no prado
No sopé daquele monte
Onde se encontra a nascente
De água fresca e corrente,
Manancial da velha fonte.
E lá se sacia o gado
Nesse rio calmo e delgado
Que atrás do pasto se esconde.
A montanha encosta ao céu
Azul de dia brilhante
A alegrar o quadro
Apoiado na estante
Que encima a lareira.
Ao lado está a janela
Tão humilde e tão singela
Com portadas coloridas
Às riscas muito garridas
Abertas de par em par.
Pela janela vê-se o pomar
Do quadro da lareira,
A macieira e a pereira
E também a laranjeira
Com laranhas àlaranjar.
Com laranjas àlaranjar.
Por trás dela, há uma janela
Tão humilde e tão singela
Com vista para o pomar.
Logo ao lado, há uma pereira
Tão perto da laranjeira
'Inda sem pêras p'ra tirar.
A macieira tem maçãs
Já bem maduras p'ra manjar.
Os diospiros e os figos
Que são fruta de deliciar
Já dão cor a esta paisagem
Que se pode contemplar.
A janela daquela casa
Com vista para o pomar
Tem portadas coloridas
Às riscas muito garridas
Abertas de par em par.
No beiral, espera um pássaro
Pequenino a piar.
E os ninhos, já velhinhos
Servem só para enfeitar.
Da rua vêm-se escadas
Para a porta principal
E o trilho que lá leva
Toda a gente que lá chega
Passa pelo fontanal.
A relva mui bem regada
Cobre de fresco o jardim
Nesta casa perfumada
Com fragrância refrescada
A rosmaninho e alecrim.
Vê-se uma horta asseada
E muito bem cultivada
Bem ao fundo do quintal.
Também se vislumbra a vereda
Por onde tão linda e leda
Segue fermosa, uma pequena,
Que vai para o canavial.
O portão que fecha a quinta
É de ferro forjado
Bem tratado e trabalhado
Com figuras a embelezar
E o gradeamento que a cerca
São lanças muito afiadas,
Refinadas e alinhadas
Dando ares de encantar.
A rua que passa em frente
É ladrilhada em granito.
Desemboca numa praça
Repleta com tanta gente,
Ora triste, ora contente,
Num frenesi aflito.
À tarde bate o sol
De fronte à porta principal.
De manhã, quando resplandece,
Ilumina e aquece
Aquele pequeno pombal
Que por trás do pomar aparece.
Mesmo antes da vereda
Ergue-se nostálgica meda
Com palha p'ra criação.
Voam patos e galinhas,
Borboletas e joaninhas,
Correm gansos pelo chão.
Há também o grado gado
A pastar longe no prado
No sopé daquele monte
Onde se encontra a nascente
De água fresca e corrente,
Manancial da velha fonte.
E lá se sacia o gado
Nesse rio calmo e delgado
Que atrás do pasto se esconde.
A montanha encosta ao céu
Azul de dia brilhante
A alegrar o quadro
Apoiado na estante
Que encima a lareira.
Ao lado está a janela
Tão humilde e tão singela
Com portadas coloridas
Às riscas muito garridas
Abertas de par em par.
Pela janela vê-se o pomar
Do quadro da lareira,
A macieira e a pereira
E também a laranjeira
Com laranhas àlaranjar.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Penso em ti
Penso em ti em demasia,
Do cair da manhã
Ao romper do dia,
Do calor do fogo
À noite fria
Do triste choro
À alegria.
Penso em ti quando não estás,
Pensar em ti, saudade traz
Ao meu coração sozinho.
Penso em ti, no teu carinho,
No teu abraço acalorado.
Se então durmo ou acordado
Penso em ti por sinal.
Penso em ti e corro mundo
Do cerúleo celestial
Ao mais escuro profundo
Dum doce beijo de um amor carnal
À fervura de um segundo.
Penso em ti, tanto te amar,
Tanto te querer em desejar
Preso à luz do teu encanto
E te veste um fino manto
Da seda do meu sonhar,
A tecer-te uma canção
Por querer-te tanto, tanto.
Penso em ti, pérola rubra,
Fulgor forte de trovoada
Em serena entoação.
Penso em ti, ó minha amada
Cujo véu te envolve a cinta
Quero que o meu corpo cubra.
Penso em ti, mulher mais linda.
penso em ti e em ti penso
Quando o sol vai e quando vem,
Até ao fim, desde o começo,
Penso em ti e mais ninguém.
Do cair da manhã
Ao romper do dia,
Do calor do fogo
À noite fria
Do triste choro
À alegria.
Penso em ti quando não estás,
Pensar em ti, saudade traz
Ao meu coração sozinho.
Penso em ti, no teu carinho,
No teu abraço acalorado.
Se então durmo ou acordado
Penso em ti por sinal.
Penso em ti e corro mundo
Do cerúleo celestial
Ao mais escuro profundo
Dum doce beijo de um amor carnal
À fervura de um segundo.
Penso em ti, tanto te amar,
Tanto te querer em desejar
Preso à luz do teu encanto
E te veste um fino manto
Da seda do meu sonhar,
A tecer-te uma canção
Por querer-te tanto, tanto.
Penso em ti, pérola rubra,
Fulgor forte de trovoada
Em serena entoação.
Penso em ti, ó minha amada
Cujo véu te envolve a cinta
Quero que o meu corpo cubra.
Penso em ti, mulher mais linda.
penso em ti e em ti penso
Quando o sol vai e quando vem,
Até ao fim, desde o começo,
Penso em ti e mais ninguém.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Marcha Nocturna
Corpos silentes de pensamento
Entregues ao lascivo desvario
Dançam e bailam com nada dentro.
Essa é a marcha da noite atirada ao rio
Cuja corrente mancha o branco da dignidade.
O ritmo aumenta e a dança frenética
Move bocados de carne sem mais nada
A lembrar um traço de humanidade,
Qualquer moral, juízo ou ética
Ou mesmo um reminescente duma tímida
Manifestação racional.São bichos, bestas
Irracionais a bailar sem rei nem roque
como couves a cozer numa panela ao lume.
Diversão é o seu lema, farras, festas,
Serem escravos da indústria, estrume
Mal cheiroso com um diligente toque
De perfume, intensa fragrância a rosas
A dar um sabor a mel ao aparato.
Monstros colossais, colossos sobre rodas,
Máquinas de guerra a subjugar inumanamente
A mente dos fracos, comprimidos num frasco
A criar ilusões, um sorriso quase demente.
Já não são o ferro e o fogo a fazer mártires,
A matar a existência carnal porque a morte
Agora é outra. Já não se dilacera carne
A esvair-se em sangue. É bem pior a nova sorte.
Entregues ao lascivo desvario
Dançam e bailam com nada dentro.
Essa é a marcha da noite atirada ao rio
Cuja corrente mancha o branco da dignidade.
O ritmo aumenta e a dança frenética
Move bocados de carne sem mais nada
A lembrar um traço de humanidade,
Qualquer moral, juízo ou ética
Ou mesmo um reminescente duma tímida
Manifestação racional.São bichos, bestas
Irracionais a bailar sem rei nem roque
como couves a cozer numa panela ao lume.
Diversão é o seu lema, farras, festas,
Serem escravos da indústria, estrume
Mal cheiroso com um diligente toque
De perfume, intensa fragrância a rosas
A dar um sabor a mel ao aparato.
Monstros colossais, colossos sobre rodas,
Máquinas de guerra a subjugar inumanamente
A mente dos fracos, comprimidos num frasco
A criar ilusões, um sorriso quase demente.
Já não são o ferro e o fogo a fazer mártires,
A matar a existência carnal porque a morte
Agora é outra. Já não se dilacera carne
A esvair-se em sangue. É bem pior a nova sorte.
domingo, 1 de março de 2009
Apatia
Ou se entra ou se sai,
Ou se vem ou se vai
Ou se levanta ou se cai
Ou se diminui ou se aumenta
Ou se ri ou se lamenta
E a vida avança.
Se não se sai nem se entra
Nem se vem nem se vai
Nem se levanta nem se cai
Nem se diminui nem se aumenta
Nem se ri nem se lamenta,
A vida pára, não anda.
Resta apenas ritual
Preso à imaginação infinda do ser,
Rotina dum viver
Apático e somente a esperança
De um olhar ilumina a escuridão
Onde uma lágrima de melancolia
Se torna sinal da emoção
De uma prova de alegria.
Ah! A graça... Não há graça
Pois o mundo pesa e passa.
Ou se vem ou se vai
Ou se levanta ou se cai
Ou se diminui ou se aumenta
Ou se ri ou se lamenta
E a vida avança.
Se não se sai nem se entra
Nem se vem nem se vai
Nem se levanta nem se cai
Nem se diminui nem se aumenta
Nem se ri nem se lamenta,
A vida pára, não anda.
Resta apenas ritual
Preso à imaginação infinda do ser,
Rotina dum viver
Apático e somente a esperança
De um olhar ilumina a escuridão
Onde uma lágrima de melancolia
Se torna sinal da emoção
De uma prova de alegria.
Ah! A graça... Não há graça
Pois o mundo pesa e passa.
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