Fecho os olhos e a brisa do mar
Traz-me um beijo perdido,
Há muito esquecido, descaído,
Da branca areia macia.
Surge e vem esta maresia.
Um vulto ao vento parece menear
Um doce bailado numa carícia à face.
Sorrio! A vida é aquele breve momento,
O calor que o corpo amima
Que lhe oferece o mel, a geleia real,
O ténue desabrochar de um enlace
Entre o sonho e o entendimento.
Sigo mais alto, mais acima,
Voo por entre as núvens, sopro um trigal
Ondeante, seara infinda, doirada
Coberta com véu de ouro, um tesouro
Numa ilha distante, desabitada.
Respiro fundo o ar salgado,
O fresco orvalho do rebentar das vagas
Túmido no ser quente de frescura.
Inspiro! Deixa-me inspirado
A aura que me segreda com candura
Um madrigal em quentes fráguas
E me traz alento e me acalenta.
Sai-me de dentro esta felicidade estranha
Esta quietude calma inquietante,
Este frenesi quieto que apascenta.
Será o sal da marulha que se entranha
E salga o sangue e tempera a linfa?
Será a triste voz de uma alegre ninfa
Encantada dum mundo muito distante?
Sei que sinto estar no cimo duma montanha
Num dia de trovões e tempestade
A beber o ardor do sol tropical,
Fragor suave exótico de insanidade
Num abraço de alguém muito especial.
Só não quero que isto acabe.
sábado, 14 de março de 2009
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