Disse uma graça sem graça,
Que desgraça!
A rapariga riu-se da graça,
Soltou um riso de nassa.
Decerto com ele engraça
Senão não se riria da graça,
Dessa graça sem graça
A escarnicar a desgraça.
Quando a paixão é vivaça,
A razão é escassa
E até uma graça sem graça
Tem graça.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Sou estúpido
Sou estúpido num oceâno enorme,
Perdido numa ilheta de certeza.
Tenho sede de saber, tenho fome,
Tenho ânsia de ciência sobre a mesa.
Navego águas turvas do que não sei,
À deriva do que vejo e não entendo.
Pequenos grãos em grandes praias de areia,
São tudo o que tão pouco compreendo.
Estudo um velho livro empoeirado
Emulando os sábios que as folhas lembram.
Fecho-o, à noitinha, já cansado,
Deito-me e adormeço naufragado.
Se, doutra ilha, estou longe ou perto,
Somente acerto, não sabê-lo ao certo.
Perdido numa ilheta de certeza.
Tenho sede de saber, tenho fome,
Tenho ânsia de ciência sobre a mesa.
Navego águas turvas do que não sei,
À deriva do que vejo e não entendo.
Pequenos grãos em grandes praias de areia,
São tudo o que tão pouco compreendo.
Estudo um velho livro empoeirado
Emulando os sábios que as folhas lembram.
Fecho-o, à noitinha, já cansado,
Deito-me e adormeço naufragado.
Se, doutra ilha, estou longe ou perto,
Somente acerto, não sabê-lo ao certo.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Filho da guerra
Com o seu escolvilhão,
Limpa o cano do mosquete.
Aponta e dispara, o jovem cadete,
Um tiro certeiro no coração.
Abate-se a morte sobre o rapaz
Que cai, sem vida, no chão.
Ouve-se o som ribombante e mordaz
Do uivo rouco e macabro de um canhão
Abafando os gemidos de dor
De quem foge aterrorizado
Às cruéis garras do terror.
Jorra, do corpo, o sangue
Sobre o musgo molhado
E um branco malmequer perdido.
Não tarda, acaba exangue,
Por ali apodrece esquecido,
Entregue à terra,
Quem, outrora, foi alguém.
Ali, agora, é ninguém,
Mais um filho da guerra.
Limpa o cano do mosquete.
Aponta e dispara, o jovem cadete,
Um tiro certeiro no coração.
Abate-se a morte sobre o rapaz
Que cai, sem vida, no chão.
Ouve-se o som ribombante e mordaz
Do uivo rouco e macabro de um canhão
Abafando os gemidos de dor
De quem foge aterrorizado
Às cruéis garras do terror.
Jorra, do corpo, o sangue
Sobre o musgo molhado
E um branco malmequer perdido.
Não tarda, acaba exangue,
Por ali apodrece esquecido,
Entregue à terra,
Quem, outrora, foi alguém.
Ali, agora, é ninguém,
Mais um filho da guerra.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Lá vão elas
Lá vai ela, Gabriela,
Com o seu passo apertado.
Ao lado, vai Manuela,
Vão as duas a algum lado.
Vão as duas apressadas,
Apertando o passo ligeiro.
Levam nas malas fechadas
Porventura algum dinheiro.
Tão depressa, lá vão elas
Sem sequer p'ra trás olhar,
Com suas malas de estrelas
Vão algo, às compras, comprar.
Com o seu passo apertado.
Ao lado, vai Manuela,
Vão as duas a algum lado.
Vão as duas apressadas,
Apertando o passo ligeiro.
Levam nas malas fechadas
Porventura algum dinheiro.
Tão depressa, lá vão elas
Sem sequer p'ra trás olhar,
Com suas malas de estrelas
Vão algo, às compras, comprar.
domingo, 6 de junho de 2010
Silenciem-nos porque são lamentos
Silenciem os prantos de amores não correspondidos,
Tristes trinados
Dos sinos a anunciar a morte.
Silenciem-nos porque os ouço
Como sinto a fluir nas veias do meu corpo
As chagas das quezílias da má sorte.
Silenciem os prantos dos homens crendo
Que jamais serão felizes
Pois o seu amor vagueia perdido
À deriva nos mares do mundo.
Não concebo tristeza mais profunda que essa.
Silenciem o pranto daqueles
Que negaram o seu único grande amor.
O arrependimento é o seu maior tormento.
Silenciem-nos porque são ecos que me atormentam.
Tristes trinados
Dos sinos a anunciar a morte.
Silenciem-nos porque os ouço
Como sinto a fluir nas veias do meu corpo
As chagas das quezílias da má sorte.
Silenciem os prantos dos homens crendo
Que jamais serão felizes
Pois o seu amor vagueia perdido
À deriva nos mares do mundo.
Não concebo tristeza mais profunda que essa.
Silenciem o pranto daqueles
Que negaram o seu único grande amor.
O arrependimento é o seu maior tormento.
Silenciem-nos porque são ecos que me atormentam.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Numa rica e farta cidade
Numa rica e farta cidade
Deambula pobremente
Moribundo, sem vontade
Um mendigo, tristemente.
Na face pungida de dor
Surge, do corpo, sectante
O frio que o corta, o tremor,
Cada lágrima de gelo ardente.
O homem de lânguidos membros
Sentado à deriva da vida,
Não vê alegria. São lamentos,
Única companhia que lhe é devida.
Pede, em trémula voz penitente
O pedinte (cuja vida é penitência)
Esmola ao traseunte complacente
Na esperança de uma réstia de clemência.
E a cidade resplandecente
Ao sol e à luz da lua,
Apinhada com rica gente
E um pobre mendigo na rua.
-Ah! Vida infame! - Pensa
Enquanto, em pranto, a desgraça
Calunia com ira imensa
A sorte que lhe não pára e passa.
A tão esbelta cidade assiste
Ao pranto do homem na perdição
Duma vida tão dura e triste,
Dormindo ao relento na chão.
Onde errou? Qual vil fado
Impingiu tão duro castigo?
Quiçá, desventuras do passado
São injúrias que traz consigo.
Nos olhos as lágrimas são
Presença da melancolia constante
Do homem a quem a solidão
O abraçou de um destino errante.
Na cidade corre a multidão
Como um rio a correr p'ró mar
E um homem caído no chão
Sem se conseguir levantar.
O homem que nada tem
Está só, caído no chão,
Usurpado por alguém
Sem remorso ou coração.
Vive bem, na opulência,
Numa cidade de grande fausto
O autor da indigência
Do homem pobre exausto.
Outrora amigo, confidente
De segredos bem guardados,
Para ele é um pobre indigente,
Uma história do passado.
A gente que ao homem vê,
Vê ali um vagabundo
Não sabem o como ou porquê
Desceu aos confins do mundo.
Numa rica e farta cidade,
Cidade com rica gente,
Na penúria, sem vontade,
Vive um pobre indigente.
Deambula pobremente
Moribundo, sem vontade
Um mendigo, tristemente.
Na face pungida de dor
Surge, do corpo, sectante
O frio que o corta, o tremor,
Cada lágrima de gelo ardente.
O homem de lânguidos membros
Sentado à deriva da vida,
Não vê alegria. São lamentos,
Única companhia que lhe é devida.
Pede, em trémula voz penitente
O pedinte (cuja vida é penitência)
Esmola ao traseunte complacente
Na esperança de uma réstia de clemência.
E a cidade resplandecente
Ao sol e à luz da lua,
Apinhada com rica gente
E um pobre mendigo na rua.
-Ah! Vida infame! - Pensa
Enquanto, em pranto, a desgraça
Calunia com ira imensa
A sorte que lhe não pára e passa.
A tão esbelta cidade assiste
Ao pranto do homem na perdição
Duma vida tão dura e triste,
Dormindo ao relento na chão.
Onde errou? Qual vil fado
Impingiu tão duro castigo?
Quiçá, desventuras do passado
São injúrias que traz consigo.
Nos olhos as lágrimas são
Presença da melancolia constante
Do homem a quem a solidão
O abraçou de um destino errante.
Na cidade corre a multidão
Como um rio a correr p'ró mar
E um homem caído no chão
Sem se conseguir levantar.
O homem que nada tem
Está só, caído no chão,
Usurpado por alguém
Sem remorso ou coração.
Vive bem, na opulência,
Numa cidade de grande fausto
O autor da indigência
Do homem pobre exausto.
Outrora amigo, confidente
De segredos bem guardados,
Para ele é um pobre indigente,
Uma história do passado.
A gente que ao homem vê,
Vê ali um vagabundo
Não sabem o como ou porquê
Desceu aos confins do mundo.
Numa rica e farta cidade,
Cidade com rica gente,
Na penúria, sem vontade,
Vive um pobre indigente.
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