sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ó monstros que me detestais

Ó monstros que me detestais!
O vosso ódio, tudo o que tenho
Sem direito a mais
É amor do vosso tamanho.
Ó seres escuros,
Filhos da treva e da sombra,
Irmãos do medo,
Tão crueis e duros
Sois frio da manhã cedo
A seita que me amedronta
E única companhia.
Vós, criaturas insanas
Do vale do abismo,
E das horas profanas
Temeis a luz,
Melancolia que bebo e cismo
E me seduz.
Vós, doutos do mal, a demência
Se vos engrandece, em natureza,
Porque a frágil complacência
É do tamanho da vossa fraqueza.

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