Mas que grande complicação
É manteiga barrar no pão
E desprovê-se de beleza
A quem tenta tal proeza.
Deixa os dedos besuntados
Com esses lúbricos unguentos
Cujos cheiros pestilentos
Põem narizes maltratados.
Vai fermosa Lianor
Para a fonte, terna e meiga.
E a estragar todo o esplendor
Um bocado de manteiga.
Lianor com graça tanta
Quis ao mundo mostrar
Conseguir no pão barrar
Manteiga... Foi só garganta.
Acabou por macular
A sua vasquinha de cote.
Ficou a manteiga no pote.
E o pão está por barrar.
Diz apavorado e ciciante
Ao galeno o boticário
Que tem tarefa marcante
A fazer, o temerário.
Mostra o pão já fatiado
E a faca está na mão.
Quer ter o instrumento untado
Para esfregá-lo no pão.
É caçado o vigário
Que vai ao chão num estrondo.
Escorrega e cai redondo
Na manteiga do boticário.
Sérgio O. Marques
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
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2 comentários:
Deve ter ficado com os lábios besuntados. Podia ser mel ou licor em vez da manteiga :D
muito bem conseguido, Sérgio, e com muita graça. Parabéns!
Abraço, amigo
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