O burro dirige-se ao balcão:
-Um copo para aliviar a tensão,
Pois o boi já está atrasado.
Concerteza - responde o corvo,
Dono daquela adega social.
-Diz-me, qual é o teu estorvo,
Que te incomoda afinal?
Pergunta-lhe com um brilho no olhar.
-Deve-se ao que se passou na praça.
Returque o burro a cochichar.
-Muita gente lhe achou graça
Mas desconfiamos que algo se passa.
Mais não vou aqui adiantar.
Esboça-se no corvo um sorriso natural.
Estava-lhe entranhado na personalidade:
Ouvir daqui, dizer acolá. Era vaidade,
Mostrar-se informado. Não o fazia por mal.
O burro há muito o conhecia,
Ou assim o pensava
E não acrescentou mais nada,
Dirigindo-se a uma mesa vazia
Pensando: - se calhar adormeceu!
De repente, entra o boi esbaforido,
Justificando-se: -Furou-me um pneu!
O burro sabia que ele tinha adormecido.
Segredaram durante mais de uma hora
Na mesa ao canto da sala.
-Vinde daí, vamos embora!
Ouvi-se já a cabra que não se cala.
-Vamos passear até lá fora.
O boi e o burro estavam atónitos, mudos,
Com tão sórdida conclusão.
-Vai mudar o mundo os seus estudos,
Mas a sua arte não nos trará nada de bom.
Falavam do mocho e da sua descoberta,
Que deixara ao mau desejo uma porta aberta.
Decidiram esquecer e com a cabra foram.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
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1 comentário:
alegria da bicharada e de quem lê
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