Num rasgo para o abismo
Sorrateiro sobre a mesa
Ancora-se esquálido silogismo
Flutuando na estranheza.
Cai o jarro ao chão
Na corda do luar anterior
Solta por um fio à mão,
Poisada por um cobertor
Nas pálpebras de um furacão.
As folhas rodopiam no prato
Onde, pelas árvores, crescem raízes
Sorvendo flocos de neve felizes
Crestados no meio do mato
E, nas pontas, com péle entalhe,
São rodas de codornizes.
Afim, vem camponês, trabalho
Corado de rosmaninho em casa
E um passarinho pintado
Cava a terra bramindo a asa.
Bica a água dum rio ascendente
Às núvens na cabeceira da cama
Donde pende um pingente
Trazendo uma floresta de marfim
Amarela de azul, trama.
Um micróbio grande assim
Traga um dinossauro gigante
E a medusa floresce num jardim
No bolso de um janota elegante
Vestido de pinguim gelado
Num penedo chorando deitado.
Uma bolota salta no asfalto
Da telha dum telhado cavo
Suportando a mansão da janela,
Junto ao solo, bem alto,
Abrindo para fora do favo.
E tudo isto num chapéu.
O mar desprende-se do céu,
Deslizando do véu
Seguro por uma gota em Marte
Pingando estandarte.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
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