Algures nos confins do bosque abre-se uma clareira
Ao fim dum trilho de penitência. Da luz ao fundo
Do caminho ergue-se uma pequena casa em madeira
Do velho eremita solitário. Aparece no fim do mundo
Como um oásis no deserto, um templo há muito perdido
Onde não há eira, não há beira nem passa o tempo.
Tudo pára, tudo espera, tudo é vida, é ser profundo,
Reverência à natureza, longo deleite dum momento
Onde padecem insanos desaires de toda a lida vã.
O pio das aves é harmonia dum arrulho de embalar
Num acordar sereno trazido no orvalho da manhã.
O correr de todas as luzes citadinas são pirilampos,
O retumbo cavo da sirene de um navio a entrar no cais
É o cucuar de uma curuja que paira sobre os campos,
A música que encanta de um preciso relógio de parede
É o chinfrinar de uma árvore apinhada de pardais,
O pranto de uma criança perdida no meio da multidão
É o ténue ganido de um cão que procura matar a sede
Mas que vive livre numa felicidade estranhamente selvagem.
O incivilizado eremita é o inimigo da civilização.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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1 comentário:
Eu diria que : "O incivilizado eremita" seria a "inveja da n/civilização"
Gostei! Talvez por recentemente passar bastante tempo um pouco isolada nesta magnifica natureza de Castelo de Bode.
Talvez por ser verão e o lago fabuloso.
Está-se mesmo bem!!!...
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