Sou nada, nada valho,
A insignificância é valor meu,
Uma migalha, um bugalho
São bem maiores que eu.
Sou fraco como sou,
Sou uma pedra tão oca e dura
Sou uma planta que secou
Um dos filhos da amargura.
A dor que me lesa e sujeita,
Meu desbotado peito não suporta
Desta vida que não s'endireita,
Que teima em manter-se torta.
Cansei-me de respirar,
Perdi o alento, a emoção,
Perdi o amar, o odiar,
Nem sei se tenho coração.
Já não sei o que é a alegria
Dos tempos que fui petiz.
Não me lembro se sorria
Nem se outrora fui feliz.
Lágrimas não cessam de jorrar
D'olhos meus salgando o chão.
A penumbra é o meu clarar,
A minha luz é escuridão.
Ando só em cada dia,
Temo o mundo, a multidão.
Sou minha única companhia,
O meu refúgio é a solidão.
Pungem-me, impiedosas, a alma,
A ânsia e a angústia feroz,
Perturbando a paz e a calma
Numa irada fúria atroz.
Não desejo mais caminhar,
Andar em frente, ir mais longe.
Estagnei neste lugar
Sem ver o céu ou o horizonte.
Sou livre em tão vil desterro
Sem arbítrio ou vontade,
Vivo insípido, sem tempero,
Sem mentira, sem verdade.
Não vejo a um palmo à frente
Por onde o meu tino erra.
É cerrada, a bruma ardente,
O nevoeiro que se, em mim, cerra.
Não vejo razão em viver,
Cá vou indo em vão motivo,
Se nasci para morrer
O mal maior foi ter nascido.
Sei que, só, te vou deixar
Entregue a ti e mais ninguém.
Oiço e sinto o teu chorar,
Triste pranto que aí vem.
Desculpa a minha fraqueza,
Maleita que anda comigo.
Contudo, te deixo certeza
Que estarei sempre contigo.
Despeço-me nesta linha
Esperando encontrar do além,
Como única graça minha,
O teu perdão... terna mãe.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
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1 comentário:
O sentir, sempre presente, de um sonhador. Gostei.
Bjo
Fatima
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