Perguntei a um homem sozinho,
Caído no chão
Desamparado:
- Porque vives abandonado,
Nas bermas deste caminho,
Qual é a tua história?
- Levei a vida em vão
Por trâmites sem qualquer glória,
Uma companhia, um amigo,
De alguém que caminhou comigo
Já não tenho memória.
Continuei apreensivo:
- Porque não te ergues e vais em frente,
Que pensas fazer doravante?
- Estou velho, cansado e doente,
Um moribundo, um indigente
Sem alento, sem vontade
De ir avante.
- E aqueles que, por ti, nutrem amor,
Que te foram força na dura adversidade?
- Esses, se os há, não sei,
Se os houve, nunca os encontrei.
Do mundo só trago dor.
Espero, ao crepúsculo, o anoitecer,
O fatídico perecer
No destino da idade.
Respondi-lhe compadecido:
- Estou agora aqui contigo.
- Mas hoje é tarde - returquiu.
E chamou-me amigo.
terça-feira, 11 de maio de 2010
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