Abana o unto, rola o presunto
A pandorca alucinada.
Mexe a banha, sem assunto
Numa lufa endiabrada.
Rola o corpo no sobrado
Com trejeito duma dança.
Treme a banha em todo o lado
Da cabeça até à pança.
A prega glútea meneia
Com rigor e muito estudo.
Estarrece a sala cheia,
Deixa tudo quedo e mudo.
Bate os pés, sacode as ancas,
Oscila os braços com garra.
As pernas, em nada mancas,
Quando vão, ninguém a agarra.
Célere vai o batuque
E o bailado a acompanhar.
Cobre-se o solo com o estuque
Das paredes a abanar.
Rangem tábuas do soalho
Com giros de arrepiar.
O pó do tecto é poalho
A teimar em não passar.
Dão saltos altos, as mesas,
A saltar à cabriola
Como cabras montanhesas
Ou crianças da escola.
Em cima, os copos poisados,
Tilitam ao chegar ao chão,
Ficam feitos em bocados,
Pedaços de confusão.
O barista já aflito,
Segura-se à prateleira
Para evitar o delito
De partir a garrafeira.
O candelabro balança
Com as luzes a piscar
Pois a gorda não se cansa
E não pára de dançar.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
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