terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Canto ao rio

Tu, teu leito moldas serpeando
Onde te deitas a descançar.
Em ti acolhes deplorado pranto
E o vais lançar ao mar.

Segues adiante resoluto
Sem hesitar ou voltar atrás.
Querer eu ser como tu fugaz
E peremptório em meu conduto.

O teu discurso é discorrer
Por entre montes, vales e morros.
Trazes murmúrios de entristecer
De outras preces, de outros choros.

Em ti escrevo confiante
Meus pensamentos, fiel amigo.
Pode ser decerto que a jusante
Alguém os leia se os levares contigo.

De cetim te vestes são e vaidoso
Cor de prata estampa em seda fina
Passas por mim firme e viçoso
Alardeando água cristalina.

A ti pergunto, que bem trajas
De onde vens, para onde vais?
De ti não sabes, livre viajas.
Existes porque és e nada mais.

Sérgio O. Marques

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