terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A pandorca hedionda

Num banco estava a pandorca
Sentada. Com sonoro arquejo
Comia como uma porca.
Era razão de motejo.

Desmedida compleição
E de têmpera irascível,
Era o que a minha visão
Se me afigurava crível.

Era fria no olhar,
Insensível no trejeito
E fazia balouçar
A cruz que trazia ao peito.

Decidi interpolar
A sujeita. E com calma
Acabei por confirmar
Que a pessoa tinha alma.

Com sorriso me apontara
Enquanto estendia a mão
Que vero lhe vira a cara
Não lhe vira o coração.

É a pandorca hedionda
Quem sabe como ninguém
Que quem não tem que se esconda
Não sabe aquilo que tem.

Sérgio O. Marques

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