Sangra o céu lágrimas de destruição
Cuspindo colossais colunas de fogo
E força e raiva e fúria e desolação
E incinerando multidões num rogo.
Esvicera-se da Terra o manto, a torrente
De lava do núcleo exala-se impiamente
Fervendo-se os mares com violência.
Sente-se da lua o pavor, o terror,
Os gritos, os uivos, o medo, a dor,
A onda nemésica da demência.
Rasgam-se na crosta abissais abismos
Onde se precipitam sopros de vida.
Vociferam aos ares irados sismos
Vertendo-se o sangue de ferro fundido.
Do ventre jorra plasma, fende-se a ferida
Ficando o regozijo ao pânico jungido.
Bruxuleia trémula a luz do sol
Permeando nuvens de cinza que se adensam.
Na penumbra, brutais centelhas raiam
Incendiando o vento, enxofrando o ar,
Desarraigando florestas num mole,
Irradiando e coriscando sem cessar.
Brota do solo incólume um ledo pinho
Devaniando esperança e alegria,
Um cálido gesto ou a candura dum carinho.
Não mais verá o bafo quente do dia.
Caem sucessivamente nações inermes,
Fustigam-se entes, fulminam-se germes,
Destroem-se impérios com mão fechada.
No fim nada resta, nada fica, nada!
Sérgio O. Marques
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário