quinta-feira, 19 de junho de 2008

Aldeia adormecida

Naquela aldeia desconhecida
Ao ocaso, bela, adormecida
Badalam as trindades roucas
Canto triste do velho sino.
Das janelas apagam-se luzes poucas
Que não se chegaram a acender.
Ao relento passeia um menino...
Mas que menino pequenino!
Que andará por ali a fazer?
Não chora, nem ri
Apenas passa por ali
E por ali não há mais nada.
Pelo crespúsculo iluminada,
Toca a torre tristes trindades.
Lá bem no alto, dança o carvalho,
Ao canto dos anos e das idades
Tão sereno como a brisa
Das quentes manhãs de orvalho.
Além pára o menino,
O menino pequenino
A beber água da fonte
Cristalina como o orvalho,
Lindas pérolas de seda lisa
Vestem as folhas do carvalho
Imponente ao fim do monte.
Ao dilúculo ganha vida,
A aldeia adormecida
Mas não tanta vida assim.
As ruas cheiram a jasmim,
Rosmaninho e alecrim,
Ouve-se ténue, fraca voz
De anciães, olvidos avós
Sem se escutar o que se diz.
É uma aldeia feliz.

Sérgio O. Marques

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