quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Preconceito

Proconceito é ritual
Que já de si não sabe
O significado original.
Sem cabimento, não cabe.
Preconceito é o medo autista
De abrir a janela
E ver a rua, de tão bela,
A estrebuchar à vista.
Preconceito é preceito
Para a cegueira da alma,
Moldar fúria em branda calma
E acusar o justo, punhal no peito.
O preconceito é a dor
De ver o ódio onde não está
E onde, tão bem, ele há
De tão mal, não vê amor.
O preconceito mede sem unidade,
Pesa sem instrumento,
Dá por engano a verdade,
É engodo ao pensamento.
Preconceito é tristeza
Onde devia haver alegria
Pois tem a noite em certeza
No sol alto ao meio-dia.
O preconceito fala
Porque ouviu dizer,
É a voz de quem se cala
E ainda assim é maldizer.
O preconceito não é jeito,
É falta dele, não se ajeita.
O preconceito não é direito,
Nem de direito, não se endireita.
O preconceito é inimigo da liberdade,
Deixa nem vivalma ileso.
Quem se lhe prende com acuidade
Não é livre, vive preso.

Sérgio O. Marques

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