segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tu és oca

Tu és uma concha oca e vazia
Vã de ideias e sentimentos
Nada tens dentro que te faça mulher.
Para mim, qualquer concha oca
Reduz-se ao estado de coisa.
-Tirem-me esta coisa da frente!
Grito.
-Não lhe suporto o cheiro nem a cor
Ou tudo aquilo que representa.
Livrem-me disto que me enoja:
Misto de banha e ranço
Coisa disforme e emética,
Saco de tripas
E sangue coagulado
A sujar a camisola.
Só de pensar que já te vi gente
(Como me sinto estúpido...)
Mas não passas de uma lâmina
Mal afiada que, quando corta,
Nos envenena a todos.
Parte-te em mil bocados
E atira-os ao mar
Pois só serves para deitar fora.
Monte de lixo que te constituis
E dizes-te das ideias
Que não as tens
Mas tentas fingir ter.
Coisa disforme...
Coisa abstrusa...
Coisa inútil...
Velharia e qualquer velharia
Tem mais utiidade que isso que és.
Sai-me da frente,
Não és digna de aí estar.

Nota: Este poema tem intensidade no sentido negativo, como eu pretendia. A personagem de quem falo é puramente imaginária e sem nome (aliás, não sinto despeito por mulher alguma), tal como aquelas personagens da maior parte dos filmes actuais e de referência que são completamente esventradas e mutiladas - e isso não faz dos respectivos autores uns monstros. Se alguém se identifica com tal, tenha em mente que esse não é meu intento.

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