terça-feira, 23 de junho de 2009

Arte abstracta

Cubo assimétrico
Cristalino, cristal
Estranho vitral
Vítreo, anestético,
Bizarro mural

Cabeça, intriga
Caco de telha,
Cauda de formiga
Uma roca velha
A ser grão numa espiga

Chapéu borboleta
Turbilhão de cores
Sapos fumadores
A dormir na praceta
Ébrios escultores

Copa de sino
Árvore de tromba,
Pinheiro albino
Em penas de pomba,
Gorro pequenino

Movimento estéril,
Cilindro prismático
Rodando pueril,
Volvendo estático,
Vibrar sinemático

Uma porta aberta
Para nenhures
Duma forma incerta
De seda coberta
Deitada algures

Quadrados redondos
Azuis e vermelhos
Losangos e rombos,
Rectângulos oblongos
Já gastos e velhos

Estátua de pedra,
De ferro e ferrugem
Em penas e penugem
Onde cresce e medra
Tão linda marrugem

Torres enormes,
D'aço temperado
Torcido e esticado
Em espiras disformes
Encostadas de lado

Sentimento difuso
De ouro ou de prata,
Inteligente, obtuso
Claro e confuso
Da arte abstracta

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