sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tempestade

Sentei-me à beira mar, um belo dia.
As vagas enrolavam a areia como carícia
Ao sabor da ligeira brisa que fazia.
A acalmia lembrava uma paisagem fictícia
Encerrada num belo quadro, moldura de ébano,
Pintado em vários tons de uma cor exótica,
Bela panóplia sob pórtico de arte gótica.
O vento levantou a amarra e, com um brusco aceno,
Zarpou insano levando consigo a doce paz,
Cândida quietude que a acalma e amansa.
Ouvi ao longe a tempestade, o fim da bonança
Num trovão a atroar nos ares voraz
O clamor do tempo que se fazia adivinhar
Com garra de raiva e uma voz irascível.
Semeou-se a procela sem eu sequer desconfiar
Naquele campo de blandícias e serenidade.
Olhei para trás e uma negrura incrível
De atemorizar afoutos, de tamanha a escuridade.
Levantei-me de súbito enquanto me caía na cara
Uma terna gota de chuva tão cristalina e clara.

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