O mar agitou-se em desaire, desvario
Da escuridão do tempo, húmida aragem
Portada a cavalo da negra pesada núvem
Que deslizava para mim sem eu de si ter tino.
Quando a gota de chuva caiu, fugi. Corri
Sem rei nem roque à procura de amparo,
De um abrigo onde poisar. Sem tento, caí.
Levantei-me novamente e novamente caí,
Caindo sobre mim a penitência do desamparo.
Nesse instante verteu-se-me vil impiedosa
A raiva irascível dum gelado jorro em torrente
Estrondeando relâmpagos e trovões, furiosa.
Encharcou-me o corpo, pungindo-me demente
Com afiados pregos, pedrisco gelado e frio
Que se me abatia em força sobre a cabeça nua.
O ímpeto da água corrente se fez num rio,
Rápido que tragava as valetas daquela rua
Levando consigo as folhas do outono distante
Num turbilhão a desaparecer ao largo.
Na doce acalmia desenhou-se um sabor amargo.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
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