quarta-feira, 1 de julho de 2009

Segui as pegadas

Segui pobre, pegadas
Dum rafeiro na areia.
Levaram-me a um lago
A espelhar lua cheia.

Na beira do lago
O trilho acabou.
O rafeiro? Quem sabe?
Nessa margem expirou.

Cavei um cova
Nessa terra escura
Para então encontrar
A sua sepultura.

Jazia já morto
Ao fim do caminho.
Na berma do lago
Morrera sozinho.

Sem eira nem beira
Ficara esquecido,
O rafeiro cansado,
Tão velho e perdido.

Tapei com cuidado
Os seus restos mortais,
O seu corpo acabado,
Já gasto demais.

Um lindo malmequer
Ao lado crescia.
Foi do moribundo
Única companhia.

Decerto ali parou
P'ra se saciar,
Bebendo da água
Límpida ao luar.

Pereceu o rafeiro
Ali abandonado.
Apesar de tão só
Acabou saciado.

Bebi essa água
Que o rafeiro bebeu
Contando cadentes
Estrelas no céu.

Em frente segui
Com passo certeiro
Trazendo no peito
O pobre rafeiro.

Calcorreio agora
Tantas estradas.
Lembro a nostalgia
Das velhas pegadas.

Sem comentários: