Avaliar é o tal trabalho
Que serve para dar um valor
Àquilo que decerto valho.
Não me consigo avaliar - penso
- Quanta aflição! Quanta dor!
Já não devo ter valor
Quanta tristeza, sofrimento intenso!
Será ironia? Se calhar!
Não me calho em avaliar.
Façamos, então um teste,
Um teste de avaliação.
Pode ser que venha a peste
Que mate do coração.
Serei bom? Serei mau?
Serei rei dos incapazes
Ou o melhor dos perspicazes
A bater na nuca, um pau?
Avaliemos! Façamos perfil!
Poder-se-ia avaliar cada qual,
Numa escala de zero a mil,
Para descobrir o primeiro
Do povo de Portugal.
Mas isso é fácil: basta o cheiro
Ou então muito dinheiro.
Um dá quinhentos, outro seiscentos
Um, um euro; outro um metro vale.
Há quem não passe de um pneu
Que é escuro como breu
Estampado num postal
Do ano de setecentos.
Mas quem é bom deve ser d'ouro!
Só não é nenhum tesouro
Nem tão brilhante sequer.
É mesmo para esquecer.
Antes cunhemos que, cunhados,
Somos melhor avaliados
Como as moedas dos tempos idos
Fruto d'arte dos antigos.
Avaliemos! Avaliemos!
Ainda nos esquecemos!
Cunhemos antes. Pois cunhar
É bem melhor que avaliar.
Venham grandes avaliadores,
Os mais finos cunhadores
Arrolados num sururu
P'ra nos dar um valor crível.
Provavelmente é preferível
Estar debaixo dos cobertores
Com um termómetro no cú
E um saco de gelo na testa
A bater palmas e a fazer festa.
Sérgio O. Marques
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário