domingo, 23 de novembro de 2008

Ingrata

ó Madalena, Madalena
Que me agrides, que me feres,
Que de mim queres,
O que queres tu de mim?
Madalena pequena,
Madalena morena,
Que te faz assim?
Madalena do corpo esguio
Sorriso bravio,
Espinho delgado,
Uma rosa florida
No meio do prado
Ao vento esquecida,
Qual é teu sentido?
Onde está o teu norte,
Virado ao sul, perdido
Erguido a mim teu forte
Grito de guerra gutural?
Que te fiz? Que é de mim teu mal?
Madalena, não vês?
Não só a mim alanceias
Com faca de dois gumes,
Lanças, verrumes
Denuda, sem arnês,
Sem torre, nem ameias.
Assim te matas, assim morres
Desse aço te consomes,
Esse ferro que nos mata,
Forjado em terras meieiras.
Ó Madalena és ingrata!

Sérgio O. Marques

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