domingo, 21 de dezembro de 2008

Urro Patriótico

Sem da generalidade a grande perda,
Categoricamente demonstrando
Aquilo que urge demonstração:
Em Portugal é só merda,
Mesmo merda por toda a nação,
Por cá, por lá e por tudo o quanto é canto.
Cora-se a Europa, amarelo pálido
De emético enjoo à proa balança
Deste filho mimado, imundo, esquálido
Estúpido garfo na mão a encher a pança.
Enterrem-se portugueses,
Europeus de palmo e meio
A deitar fora, copo cheio
Vinho maduro dos falsos burgueses
A alienar o bem alheio.
Só gnomas e mais gnomas,
Preconceitos, a par preceito
De fazer tudo, nada de jeito.
Crianças a brincar às bonecas,
Tão lindas, tão tarecas.
Bonecas a fazerem de menina
Com uma boina verde na mão.
Menina, que não se anima
E, quando chora, chega a prima
A fazer festas na crina,
Mais mimando a pequenina.
Avestruzes! Cabeça erguida ao chão!
Tapem com o nobre orgulho nacional
A cara de terra escura, odor a orvalho,
Tremoços, amendoins e noz
Embalçonados ali mesmo, na adega social,
Cêpos ressequidos de carvalho.
Fazer buracos também é luta!
Suínos ébrios a roncar bovinos,
Caninos a latir caprinos
E flatulência cantando selos
De bocados do país nas calças.
Vão à loja em camisolas de alças
A mostrar embostado corpo pedreiro
Emboçados como camelos
Andantes por dinheiro.
Ide para a escola e aprendei maquinação!
Ide... Porque não?
Maquinar é o que é preciso.
É isso e um pano liso
Para engraxar todo esse pessoal
Que mais merda faz em Portugal.

Sérgio O. Marques

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