Mato-me de morrer em ti mágua
Dura que m'atormenta.
Sei-me em saber estar longe
Do teu encanto e o negro cinzento
Segue-me de frente
Como um necrófago sedento de mim.
Uma lágrima dolente escorre-me do corpo
Hirto sem vontade de vida,
Sem um pouco de tinta que pinte o vazio
Do qual se me em nada cai.
Segui o árduo caminho que a ti me levou
Por meio de dédalos de espinhos
A espicaçar o corpo, a sangrar a vista
Abraçado a um inocente sorriso
Esperançado ao encontro da tua luz.
Para trás ficaram prantos
Da tristeza de me ver partir,
No passado apenas existe aquilo que não fiz,
Se o fiz por ti e por ti somente,
Certo de sentir o teu perfume rosado.
Travei batalhas de ensandecer
Pelejando o ferro, irascível, já cansado,
Tragando, insano, singelos olhares dóceis
Por os haver visto monstros hediondos
À espereita da janela da intriga
Ávido de te ver o brilhar rutilante.
Tivesse eu, trilhado outros trilhos.
Tivesse eu, travado outras pazes.
Tivesse eu, ter-me entregue completamente
A mim, caminhando descalço sobre as pedras
Aguçadas que ferem os pés, mas os pés.
Tivesse eu, sido arrastado pela corrente
Do rio entregue aos ditames do meu destino
Incerto. Mas assim não conheceria a sede.
Volte-se-me o tempo que já não tenho.
Volte-se-me a fúria da juventude.
voltem-se-me as pacatas manhãs ao sol
A sorver maresia num passeio à beira-mar
Na singela companhia de um terno abraço.
A realidade surge-se-me fundida à ilusão,
E o sonho... já nem sei se sonho,
Se sonhos não tenho, nem sonhar consigo.
Finalmente eis-te surgida flor a desabrochar
Na clareira desta floresta de lanças
A pungir a carne. Imploro um pouco de paz
Que não me deixes penar no abismo imenso,
A gelar nos confins do deserto mais frio,
A crestar nas secas areias da solidão.
Chamas-me ao teu encalço com voz de sereia
E prostras-me ao chão com brado de guerra
Alimentada pelo desdém sem mal te querer
Querer-te coberta com banho de lírios.
Nada posso contra o teu império
Rútilo ao meu olhar, ímpeto a deixar-me
Trevas, nada mais e uma dor no peito
Pesando em mim o peso do mundo.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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