domingo, 17 de maio de 2009

Infinito

Sento-me numa pedra e penso o infinito
Nestas margens verdejantes.
E, já sentado nesta pedra de granito,
Penso o infinito,
Que há para lá das estrelas cintilantes.
Elas, tão próximas, parecem que bem se beijam,
No entanto, tão distantes
E mesmo por tão afastadas que estejam
Parecem enternas amantes
Abraçadas no uníssono firmamento.

Rio que aos meus pés corres, aqui sentado,
Lavas os sonhos levadios para o mar
De quem aqui se senta, admirado
Com o infinito magnificente de atarantar.
Leva os meus pensamentos mais além
Onde não haja vivalma, onde não more ninguém
Entrega-os ao oceâno que os dê ao céu
Voando ao infinito onde estrelas vivem
Num imenso vazio negro como breu.
Traz-me de volta a luz do seu brilho.

Ó infinito... tu existes dentro de ti
E o que te contém é a tua existência.
Parte de ti é como tu, na sua essência,
Paradoxo que me fez sentar aqui
E meditar com grã prudência.
Quando aumentas incessante, ficas igual,
Ficas assim, ancorado nessa grandeza universal,
Sem limite que te dê forma
Sem forma que te dê fronteira
Livre de qualquer lei, ausente de qualquer norma.

Estas árvores imponentes por trás de mim
Rangem os ramos impelidas pelo sopro do vento,
Parecem ouvir, em silêncio, o meu pensamento
E cantá-lo ao infinito num frenesim.
Aqui sozinho são a minha fiel companhia,
As flores, as aves, as coloridas pedras do chão,
O gado que pasta a farta erva, épica poesia
Da natureza; somente parte do infinito são;
A outra parte, já de si é infinito
Mote do meu pensar nesta pedra de granito.

Todas as esferas se movem no seu interior,
Neste enorme infinito que intriga e espanta,
Numa perfeita harmonia celeste em esplendor
Excelsa consciência irracional que a razão quebranta.
Possui a sabedoria dos tempos, a filosofia da idade,
Infinito que tudo tem, a mentira, a verdade,
Cada riso, cada choro, o sonho, a realidade,
A ciência racional, cada trama da demência,
Desta loucura de ser o infinito que o envolve.
E tudo no infinito mexe, remexe, volve, revolve.

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