segunda-feira, 21 de julho de 2008

Nascer do dia

Cheiro a maresia
D'oiro e fina prata.
Marulham ao nascer o dia
Belos cabelos e uma fita escarlata.
São não sei bem de quem.
Dá-me um cumprimento matinal,
Aquele efémero beijo jovial
Da manhã que vem
E nasce a pipilar com tamanha euforia.
A faina fervilha de novo
E o milho assoalhado no chão
Canta com ostentação
Orgulhos da lide de um povo.
A rua sorri com alegria
Aos carros, carroças e carregos,
Aos animais do campo,
Aos burros e aos borregos,
Aos bois que vão passando
E deixam para trás
Verdes fieiras de pasto.
Um pregão loquaz
Dum vozeirão já gasto
Apregoa a cantar:
Quem quer carapau do nosso mar,
Sardinha vivinha a saltar.
Ó freguesa venha ver
O que tenho p'ra vender.
Di-lo muito a preceito
E nós seguimos a correr
A arremedar-lhe ingénuo jeito.

Sérgio O. Marques

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