quarta-feira, 2 de julho de 2008

Piratas

Grito desesperado
A pedir a morte
Ecoa os sete mares.
Ronca o corsário irado
Injúrias à sorte
Do irmão decapitado.
-Vingança, vingança,
Clamam sombrios olhares.
Que se abata a matança
Daqueles cuja mão
Teceu as malhas da lei.
Morte aos nobres, morte ao rei.
Rasgava-se em pálida tez
A fúria que a tornava alva,
Aviltante coração
A adivinhar a nudez
Do vazio da alma
De quem quis ser pirata.
A lei só pune salteadores,
Só castiga quem mata.
Decapitam-se portadores,
Mensageiros da mortandade.
Corsários, apoiados por desonrosos
Governos, por impérios por formar,
São hoje heróis decorosos
Nas histórias de embalar.
Quem saberá ou poderá dizer
Que sejam, de agora, os monstros
A protagonizar os contos
Do futuro que há-de ser?

Sérgio O. Marques

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