quarta-feira, 7 de maio de 2008

A jantarada

Decidiu-se, num certo dia,
Comer, o burro, contraplacado.
Só farpas de burro se via
Por tudo quanto era lado.

O boi que mal esperava
Por devorar dinamite
Sempre que este se peidava
Atingia os cento e vinte.

O cão que era destemido,
Por aquilo que se diz,
Comia urânio empobrecido
E tirava raios X.

A comer barro a galinha
Com tanta gula de esgana
Cagava jarras em linha
Da mais fina porcelana.

O porco que era chorudo
E se fazia de amável
Comia cós de veludo
Para um cagar confortável.

A burra e a vaca bebiam
Copos com águas de rosas.
Assim sempre expeliam
Umas bufas bem cheirosas.

Por agora me despeço
Depois desta jantarada.
É só gente de dar apreço
No reino da bicharada.

Sérgio O. Marques

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