segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mais um dia no reino

Ia,com passo apertado, o cão
Tirar a carta de pesados
Para a escola de condução.
Alguns minutos passados...
-Onde vais tão apressado?
Pergunta o porco sorridente.
-Vou á escola de condução
Que fica ali do outro lado.
-E tu? Pergunta o cão paciente,
Detendo-se firme no passeio.
-Vou comprar uma bandeira
Meia verde, meia vermelha,
Com uma bola amarela no meio.
-Para que queres o lençol?
Pergunta o cão curioso.
-Para hastear no quintal,
Pois sou muito orgulhoso
Por viver neste país.
Ao desfraldar a bandeira,
Mostro à nação o meu respeito,
De uma excelente maneira,
Segundo aquilo que se diz.
-Faz muito bem este sujeito.
Pensa o cão apreensivo
Enquanto cumprimenta a vaca
Que passa de avião.
Mal podia imaginar
Que o famigerado distintivo
Serviria para forrar a cloaca
Da latrina do suíno.
Despede-se e vai entrar
Na escola de condução.
-Tchau - acena o porco ao cão
Entrando na loja para comprar o pano
Que usaria para forrar o cano.
-Do resto, faço um tapete
Para a entrada da retrete.
Pensa o porco animado.
Mais adiante, na mesma rua
Oberva o gato malhado:
-Mas que larica tu tens.
Há já algum tempo te vejo comer
Tantos pacotes de manteiga.
-Eu só quero as embalagens...
Pia o pássaro com voz meiga
Que é levada pelo vento.
-Para fazer uma escadaria
Com uma bela esquadria
Para o meu apartamento.
Mais além, nesse momento,
Encontram-se o burro e o boi a conversar
Mano a mano na esquina
A mangar com a galinha
Que por ali vai a passar.
Entratanto, acaba de forrar
O porco a sua sentina,
Feita só para defecar.
Logo depois passa o cão
A conduzir um camião
Já com a carta na mão.
Vai com uma velocidade danada.
Leva-se uma vida agitada
No reino da bicharada.

Sérgio O. Marques

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